No Brasil, o uso de cheques como forma de pagamento sofreu uma queda expressiva nas últimas décadas. A tecnologia digital transformou o modo como as transações financeiras são realizadas, e o cheque, que já foi um pilar no mercado, agora ocupa um nicho bem menor. Mesmo assim, ele ainda é utilizado em algumas situações específicas, devido a motivos conjunturais e estruturais.
Dados recentes da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) indicam que, em 2024, foram compensados 137,6 milhões de cheques pré-datados, um número que contrasta e muito com os 3,3 bilhões registrados em 1995. A significativa redução de 96% no uso deste método demonstra uma clara preferência dos consumidores por meios de pagamento mais modernos e ágeis.
A resiliência dos cheques nos tempos modernos

Mesmo com a dominância das transações digitais, o cheque ainda é visto como um meio útil em determinadas circunstâncias. Só que é importante entender melhores as razões para isso, além de suas limitações. Muitas pessoas, sobretudo as mais idosas, preferem cheques devido à falta de familiaridade com novos aparelhos ou por não confiarem muito em transações digitais.
Outro aspecto relevante é a desigualdade no acesso à internet em várias partes do país. Em áreas onde a conectividade é precária, o cheque ainda se apresenta como uma alternativa prática. Muitas vezes, ele é utilizado como forma de caução em negócios, servindo de garantia em diversos tipos de transações comerciais, como aluguel ou compras parceladas, onde o risco é elevado, e as partes se sentem mais seguras utilizando cheques como caução.
Ademais, há estabelecimentos, especialmente pequenos negócios, que ainda preferem o uso de cheques, fugindo dos custos associados a métodos de pagamento digitais. Assim, mesmo com o declínio acentuado no uso geral, as circunstâncias locais e preferências individuais ajudam a explicar por que o cheque ainda encontra espaço na economia atual.
Crescimento do tíquete médio
Embora o número de cheques emitidos tenha diminuído, o valor médio dessas transações tem experimentado um aumento ao longo dos anos. Em 2024, o tíquete médio dos cheques subiu para R$ 3.800,87, enquanto em 2023 esse número era R$ 3.617,60. Isso sugere que, enquanto as pequenas compras do dia a dia passaram a ser feitas via Pix, os cheques seguem sendo utilizados principalmente em transações de maior valor.
Esse aumento no valor médio dos cheques é reflexo de sua adaptação a nichos específicos, onde ele possui uma função importante. As empresas e clientes que precisam de uma segurança adicional, especialmente em pagamentos substanciais ou em contratos, ainda confiam nos cheques.
Especialistas acreditam que esse comportamento demonstra uma adaptação do cheque às necessidades específicas, mesmo quando outros métodos de pagamento estão mais aceitáveis. E, embora essa vantagem de nicho ainda exista, é claro que sua utilização está predestinada a diminuir com o progresso tecnológico.
O papel do Pix e outras alternativas digitais
O lançamento do Pix em 2020 revolucionou as transações financeiras no país. Sua popularização é um dos fatores mais impactantes na redução do uso de cheques, com transferências que podem ser efetuadas em segundos em qualquer horário, sem taxas para pessoas físicas. Este sistema tem se mostrado o mais confiável para muitos brasileiros, superando não só os tradicionais cheques, mas também boletos e transferências TED.
A expansão das carteiras digitais e a popularidade dos cartões de crédito e débito, bem como pagamentos por aproximação, também marcam essa transformação digital. Os consumidores procuram por métodos que oferecem mais agilidade e proteções adequadas para reduzir riscos, o que mostra uma clara mudança de hábito nas transações financeiras.
Embora a tendência seja orientação ao abandono, a extinção total dos cheques ainda não é uma certeza de curto prazo. Isto se deve às necessidades que esse meio consegue satisfazer, apesar de sua redução. Contudo, a inclusão digital deverá continuar a crescer, impulsionada por campanhas e instruções oferecidas pelos próprios bancos.
Tendências futuras e perspectivas
Com a evolução constante da tecnologia, o futuro dos pagamentos no Brasil caminha para uma maior digitalização e acessibilidade. Enquanto os cheques têm um papel residual no mercado, o aprimoramento das transações digitais promete aumentar ainda mais a sua aceitação. Assim, os bancos estão cada vez mais investindo em educação financeira e programas de inclusão digital.
Ao proporcionar mais conhecimento e acesso à população, espera-se que, gradativamente, mais pessoas façam essa transição para modernos métodos de pagamento, diminuindo a dependência dos cheques. Com a confiança crescente na segurança das plataformas digitais, a migração já se mostra inevitável para muitos usuários.
Embora o cheque não vá desaparecer completamente de imediato, sua relevância continuará a cair à medida que o país avança em direção a um ambiente cada vez mais digital. Assim, essa transição, que já ganhou momento no Brasil, deve expandir-se e solidificar-se ainda mais nas próximas gerações. Manter os olhos atentos a essas mudanças é essencial para entender o futuro do sistema financeiro atual.